Nomofobia: a doença da modernidade

Nomofobia

Olhe para as pessoas ao seu redor durante a sua jornada diária: pare, observe. Notou algo diferente? Agora faça o mesmo consigo. Pois é, certas atitudes e gestos se tornaram tão comuns em nosso cotidiano que passam despercebidos por grande parcela da população. Você tem ideia do que estamos falando? Dos celulares ou smartphones. Sinônimo de desejo e lazer para muitos, necessidade para outros tantos; o mundo em suas mãos em apenas um par ou mais de cliques.

Não há como negar as benesses destes pequenos aparatos tecnológicos de cores, tamanhos e funções múltiplas. Mas já se perguntou se este companheiro “inseparável” lhe trará somente satisfações? A dependência deste tipo de tecnologia se tornou uma grande dor de cabeça – literalmente – para muitos usuários e preocupação para comunidade médica global.

Segundo Dora Goes, psicóloga do Programa de Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), o abuso do uso de celular pode se tornar um transtorno, conhecido como nomofobia (medo de ficar sem o celular). Além do vício em si, a profissional alerta sobre distúrbios no padrão do sono, falta de concentração, problemas de visão, sedentarismo, tendinite, problemas na coluna por causa da postura, na alimentação; e depressão.

Saúde laboral

De acordo com o Instituto Delete, núcleo pioneiro criado dentro do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que defende a utilização consciente das tecnologias, 75% dos 600 pacientes atendidos entre 2016 e 2017 foram diagnosticados com o uso abusivo do celular, para lazer ou trabalho. Para se ter uma ideia, o simples ato de baixar a cabeça para ler as mensagens no smartphone pode triplicar a pressão sobre a coluna cervical. Oito de cada dez problemas ortopédicos estão relacionados a posturas indevidas diante da telinha.

Este comportamento em ambiente corporativo tem se tornado epidêmico, apontam estudos. A cada interrupção para checar o aparelho, gastamos no mínimo 62 segundos para voltar ao ponto em que estávamos. Com isso, perdem-se até oito horas em uma semana de trabalho. Em resumo: além de minar a nossa saúde, o celular é o vilão número 1 da produtividade.